O Presidente reeleito do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Paulo
Sanhá, revelou que o seu primeiro mandato, nos últimos 4 anos, ficou
marcado por momentos turbulentos, quando eleito durante um período de
transição política, pós golpe de estado em 2012.
Em exclusivo para a e-Global, Paulo Sanhá frisou que depois das Eleições
Gerais de 2014 o Governo da legislatura na altura foi demitido o que
não ajudou a sua agenda de trabalho, e como consequência, até hoje
nenhum Governo conseguiu aprovar um programa e apresentar Orçamento
Geral do Estado na Assembleia Nacional Popular.
“O meu primeiro mandato ficou marcado como um mandato turbulento, foi
uma situação complicada para qualquer pessoa no setor da justiça, isto
marcou-me bastante e, ficamos quase com as mãos atadas sem poder fazer
nada”, contou Sanhá.
Face à instabilidade política, Paulo Sanhá disse
esperar que a situação política melhore para que a justiça guineense
possa ser útil para os guineenses. “Com o início do meu segundo mandato
espero que tudo isto seja ultrapassado e todas as pessoas se possa
entender para bem-estar de todos”, apelou.
Para os próximos quatro anos, Paulo Sanha refere que a sua prioridade
será a inspeção judicial, bem como trabalhar em parceria com o Governo
através do Ministério da Justiça na melhoria das condições de trabalho
dos funcionários da justiça, que passa pela criação de infraestruturas,
particularmente tribunais.
Sobre os outros órgãos de soberania, o Presidente reeleito do STJ,
afiançou que as relações vão continuar a ser de boa interdependência, e
defende que o Supremo não pode funcionar sem uma parceria com o
Executivo. “Nós vamos continuar as nossas relações, pugnando numa
relação sã com os demais órgãos de soberania, não podemos pôr de lado
outros órgãos”, referiu o presidente do STJ.
Durante a entrevista, Paulo Sanhá falou dos polémicos acórdãos do STJ
relativamente às nomeações de Governos de Baciro Djá, reconhecendo que
decisão do STJ não agradara a outras partes. “Esta
é umas das missões de ser um juiz, pois como todos sabem o nosso
Supremo tem também a vertente de Tribunal Constitucional, tudo o que diz
respeito a esta matéria somos chamados a pronunciar sobre qualquer
caso, e assim fomos confrontados a falar sobre a formação do Governo,
onde pronunciamos, e como é natural, não podia ser do agrado de todas as
partes”, disse.
Para Paulo Sanhá algumas leis da Guiné-Bissau precisam de ser mais
adequadas e modernizadas, dando como exemplos o Código de Processo
Civil, Código Civil, Código de Processo Penal e o Código Penal
guineense, este último elaborado em 1993. “Temos agora vários tipos de
crimes por exemplo os crimes transnacionais, crimes cibernéticos que não
constam nas nossas legislações penais”, vincou Paulo Sanhá.
Sumba Nansil
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