Dia de adeus ao PDE. Elogios chovem, mas atenção: Trabalho não acabou
Portugal conseguiu finalmente fechar o longo Procedimento por Défices
Excessivos graças à confirmação do défice mais baixo desde a Revolução
dos Cravos. Em toda a Europa, há aplausos e pedidos para que seja
redobrado o trabalho que permitiu escapar à atenção extra de Bruxelas.
Portugal e a Europa cantam a uma só voz a vitória conseguida na Comissão
Europeia: O Procedimento por Défices Excessivos está prestes a ser
fechado, fruto de uma consolidação financeira que pareceu estar em
dúvida, mas que acabou por ser conseguida graças a uma nova estratégia
económica e financeira aplicada na transição do governo de coligação
PSD/CDS-PP para a famosa ‘Geringonça’ formada por PS, Bloco de Esquerda e
CDU.
Numa manhã que já se antevia de boas notícias, a primeira salva foi 'disparada' pela Comissão Europeia, com o anúncio de que seria feita a recomendação de fechar o Procedimento por Défices Excessivos
aberto a Portugal em 2009; a recomendação feita ainda carece de
confirmação do Conselho de Ministros das Finanças da União Europeia
(Ecofin), mas este passo parece ser uma mera formalidade e será quase
certa a aprovação.
Na hora de falar aos jornalistas sobre a decisão, os Comissários Europeus Pierre Moscovici e Valdis Dombrovskis falaram
de uma "excelente notícia para Portugal, para a economia portuguesa e
para o povo português" e "um belo reconhecimento do esforço para sair de
uma crise que teve um impacto social importante".
Naturalmente, o Governo cantou vitória em vários momentos e mesmo com António Costa a adiar a primeira reação oficial
de São Bento até às 20h00 desta segunda-feira, os dois homens fortes da
economia e das Finanças não se furtaram a comentar a decisão de
Bruxelas.
O Ministro da Economia falou numa "decisão justa"
e há muito aguardada, antecipando-se por alguns minutos à declaração de
vitória proferida por Mário Centeno em declarações aos jornalistas,
feitas em Bruxelas à margem da reunião do Eurogrupo: "Esta é uma boa
notícia porque demonstra que as contas públicas em Portugal vão no
sentido de uma consolidação sustentável e duradoura".
Na hora do reconhecimento europeu, o Ministro das Finanças não se
esqueceu do esforço dos portugueses... nem das políticas do anterior
Governo: "Este resultado mostra que as políticas que seguimos no último
ano e meio estavam certas e que era possível fazer mais e melhor. Este é
um resultado de todos os portugueses". Em paralelo, o Ministério da
Finanças emitiu também uma reação institucional,
que aponta na mesma direção: "Esta decisão é um momento de viragem na
medida em que expressa a avaliação da Comissão de que o défice
orçamental excessivo de Portugal foi corrigido de forma sustentável e
duradoura".
Houve também boas notícias sobre o Programa Nacional de Reformas,
considerado "suficientemente ambicioso" para evitar que fossem tomadas
decisões políticas sobre o procedimento por desequilíbrios
macroeconómicos excessivos, que decorre em paralelo.
Ainda assim, no meio da euforia há sinais de alerta que indicam que o
trabalho não está concluído. Valdis Dombrovskis assumiu que a
recapitalização da Caixa Geral de Depósitos é um tema que ainda preocupa
a Comissão Europeia, principalmente tendo em conta os possíveis custos
matemáticos no défice deste ano. A troca de informações constante com a
Comissão serve para tranquilizar parcialmente os responsáveis europeus,
mas o problema mantém-se nas mentes de todos.
Para além do aviso de Dombrovskis, o Ecofin avisou também que "serão
necessárias mais medidas a partir de 2017" para cumprir as regras do
Pacto de Estabilidade e Crescimento e há muito trabalho económico e financeiro a fazer para reduzir os níveis de dívida pública e para melhorar o saldo estrutural das contas públicas.
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