O
porta-voz do Conselho Nacional Islâmico (CNI) da Guiné-Bissau, Siradjo
Bary, disse hoje que a sua organização é contra a medida anunciada pelo
primeiro-ministro de retirar das ruas e enviar para um centro crianças
talibés
Em declarações à rádio Capital FM de Bissau, o dirigente do CNI disse
que a sua organização considera "estranha" a medida anunciada pelo
primeiro-ministro, Umaro Sissoco Embaló, de retirar crianças talibés das
ruas e mandá-las para as ilhas, no arquipélago dos Bijagós.
"Para nós é estranho ouvir que há uma ordem para prender e mandar as
crianças talibés para as ilhas", declarou Siradjo Bary, sublinhando ser
normal que os jovens talibés peçam esmolas, sob orientação dos seus
mestres.
O talibé é um adolescente ou jovem muçulmano sob o cuidado de um mestre
que o ensina o Corão, o mais importante livro da religião islâmica.
Durante esse processo muitos aparecem a pedir esmolas pelas ruas de
cidades guineenses e de países vizinhos para onde são mandadas pelos
pais.
O próprio Siradjo Bary disse ter servido o seu mestre corânico no
Senegal, para onde foi estudar a religião, mas nos campos de lavoura.
Na Guiné-Bissau, explicou, os mestres corânicos, por não terem campos e lavoura, mandam os seus alunos pedir esmola.
"É normal que uma criança em aprendizagem trabalhe para o seu mestre",
no campo ou pedindo esmola, sublinhou o porta-voz do CNI, notando ainda
não ser crime pedir esmola.
"Isso não constitui crime nenhum, quem quiser oferecer algo às crianças
oferece, quem não quiser não lhes dá nada. Não estão a roubar nada de
ninguém", observou Siradjo Bary.
O CNI reuniu-se já com o ministro da Presidência do Conselho de
Ministros, Soares Sambú, na ausência do primeiro-ministro, que se
encontra fora do país, em visita privada.
Assim que Umaro Sissoco Embaló chegar ao país o CNI será recebido em audiência para esclarecer a questão, afirmou Siradjo Bary.
O Conselho Islâmico da Guiné-Bissau aprova que se retire as crianças das
ruas, mas que sejam colocadas num lugar onde poderão apreender a
religião de forma organizada, assinalou Siradjo Bary.
O primeiro-ministro guineense esclareceu quinta-feira que não pretende
mandar prender crianças, mas retirá-las das ruas, porque mendigar esmola
não faz parte do ensino do Corão.
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