"O
que está a acontecer hoje na Líbia é o nó de uma instabilidade de
vários aspectos”, declarou o Presidente Emmanuel Macron ao celebrar, no
Eliseu, o acordo que “descreve o caminho para a paz e para a
reconciliação nacional”. Macron atribui a situação caótica do país
unicamente aos movimentos terroristas, os quais “se aproveitam do
desequilíbrio político e da riqueza económica e financeira que pode
existir na Líbia, a fim de prosperar.” Por este motivo - conclui - a
França ajuda a Líbia a bloquear os terroristas. Macron desvaloriza os
factos, desta maneira.
Pouco depois, em 2011, sob o comando dos Estados Unidos, a Nato derruba o Estado líbio com a guerra (aberta da França), atacando-o no interior, com forças especiais. Daí o desastre social que vai fazer mais vítimas do que a própria guerra, especialmente entre os migrantes. Uma história que Macron conhece bem: de 2008 a 2012 faz uma carreira impressionante (se bem que suspeita) no Banco Rothschild, o império financeiro que controla os bancos centrais de quase todos os países do mundo.
Na
Líbia, o Banco Rothschild chega em 2011, enquanto a guerra ainda está
em curso. Os grandes bancos americanos e europeus efectuam, ao mesmo
tempo, o maior roubo do século, confiscando 150 biliões de dólares dos
fundos soberanos da Líbia. Nos quatro anos de formação no Banco
Rothschild, Macron é introduzido na elite das finanças globais, onde se
decidem as grandes operações, como a da demolição do Estado líbio. Em
seguida, vai para a política, fazendo uma carreira deslumbrante (se bem
que suspeita), primeiro como Vice Secretário Geral do Eliseu, depois,
como Ministro da Economia. Em 2016, em poucos meses cria o seu próprio
partido, En Marche!, um "partido instantâneo" sustentado e financiado
por poderosas corporações multinacionais, financeiras e da comunicação
mediática, que lhe abrem o caminho para a presidência.
Por
trás da liderança de Macron não estão somente os interesses nacionais
franceses. Na Líbia, o saque para repartir é enorme: a maior reserva
africana de petróleo e grandes reservas de gás natural; as imensas
reservas de água fóssil do aquífero nubiano, o ouro branco em
perspectiva, mais precioso do que o ouro negro; o próprio território
líbio, de primeira importância geoestratégica na intersecção entre o
Mediterrâneo, a África e o Médio Oriente.
Há
“o risco da França exercer uma hegemonia forte sobre a nossa
ex-colónia”, adverte a Analisi Difesa (Análise da Defesa), sublinhando a
importância da próxima expedição naval italiana na Líbia. Uma apelo ao
“orgulho nacional” de uma Itália que reivindica a sua fatia na divisão
neo-colonial da sua antiga colónia.
Extraia Sob os nossos olhos, o testemunho de Thierry Meyssan, membro do governo líbio
«Antes de mais, François Hollande faz um balanço da destruição da Líbia. A Jamahiriya dispunha de um Tesouro avaliado no mínimo em US $ 150 mil milhões de dólares. Oficialmente, a OTAN bloqueou-o ou fez bloquear cerca de um terço. O que aconteceu, pois, com o resto ? Os Kadhafistas pensam poder utilizá-lo para financiar a Resistência a longo prazo. Mas em Abril, o Prefeito Édouard Lacroix que tinha tido acesso a uma parte destes investimentos morreu, num dia, por um « cancro fulminante », enquanto o antigo Ministro do petróleo, Choukri Ghanem, é encontrado afogado em Viena. Com a ajuda do Ministro francês das Finanças, Pierre Moscovici, do Conselheiro económico de Eliseu, Emmanuel Macron e de vários banqueiros de investimento, o Tesouro dos Estados Unidos deu o golpe à massa ; O golpe do século : US $ 100 mil milhões de dólares.»
Geógrafo e geopolítico. Últimas publicações : Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016.
Tradução Maria Luísa de Vasconcellos
Fonte Il Manifesto (Itália)
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