“Não podemos apoiar as ideias que estão a planear
alguns dos nossos parceiros e que procuram, de facto, estrangular
economicamente a Coreia do Norte”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros
russo, Serguei Lavrov, no final de uma reunião em Moscovo com o seu homólogo da
Bolívia, Fernando Huanacuni.
Lavrov explicou que sanções adicionais contra o
regime de Pyongyang implicariam “trágicas consequências humanitárias para a
população” norte-coreana.
Todas as resoluções do Conselho de Segurança da ONU
sobre a Coreia do Norte contêm, segundo recordou o ministro russo, “medidas de
pressão económica muito sérias”, mas também um compromisso dos Estados-membros
daquele órgão das Nações Unidas de apoiarem um regresso de “negociações
políticas” para uma resolução do conflito.
Nas mesmas declarações, o ministro russo saudou a
redução do tom da retórica de confronto em torno da questão norte-coreana,
afirmando esperar que os ânimos fiquem mais calmos.
Perante o desenvolvimento do programa nuclear e
balístico norte-coreano, o Conselho de Segurança da ONU adoptou no início do
mês de Agosto, por unanimidade, uma resolução reforçando fortemente as sanções
impostas à Coreia do Norte, que privará o regime de Pyongyang de mil milhões de
dólares de receitas anuais.
No seguimento desta resolução, a China, principal
parceiro e apoiante da economia do regime de Pyongyang, anunciou na
segunda-feira a suspensão das importações de ferro, chumbo e dos minérios
destes dois metais e de produtos do mar da Coreia do Norte.
A China foi em 2016 o destino de mais de 92 por
cento das exportações norte-coreanas.
As últimas semanas foram marcadas por uma escalada
da retórica entre Pyongyang e Washington, mas os últimos dias trouxeram um
desagravamento.
O chefe da diplomacia norte-americana disse na
terça-feira que a administração do Presidente Donald Trump se mantém interessada
num diálogo com o líder da Coreia do Norte, Kim Jung Un, mas que aguarda algum
sinal de interesse por parte de Pyongyang.
“Continuamos interessados em tentar encontrar uma
maneira de dialogar, mas isso depende dele”, disse o secretário de Estado
norte-americano, Rex Tillerson, numa referência ao líder norte-coreano.
Apesar de ter divulgado que tinha concluído os
planos para lançar mísseis balísticos no território americano da ilha de Guam,
no Pacífico, o líder norte-coreano anunciou ter decidido não colocar, por
agora, o plano em prática, afirmando que quer “observar um pouco mais” as
acções dos Estados Unidos antes de executar a ameaça.
Na segunda-feira, Rex Tillerson e o secretário da
Defesa norte-americano, James Mattis, assinaram um artigo de opinião, publicado
no jornal The Wall Street Journal, no qual garantiram que os Estados Unidos não
pretendem uma mudança de regime na Coreia do Norte ou a aceleração da
reunificação da Península Coreana, mas sim a desnuclearização daquela região.
No texto, Tillerson e Mattis indicaram que o
objectivo da “campanha de pressão pacífica” dos Estados Unidos foi a
desnuclearização da Península Coreana e não uma mudança de regime.
“Não temos qualquer desejo de infligir danos ao
povo sofredor da Coreia do Norte, que é distinto do regime hostil em
Pyongyang”, escreveram os dois responsáveis.
infopress
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