Fonte: Pragmatismo Politico
Não é história de pescador. Quantia encontrada no 'bunker' de Geddel
representa a maior apreensão de dinheiro vivo no Brasil em todos os
tempos. A grana estava escondida em oito malas e seis caixas de papelão e
foram preciso dois camburões para transportá-la.
Não era
história de pescador. Em novembro passado, notas de R$ 50 e R$ 100
começaram a boiar na baía de Guanabara. A dinheirama fez a festa de
barqueiros da Urca, na zona sul do Rio. Os mais corajosos mergulharam
nas águas poluídas, em clima de caça ao tesouro.
Tesouro Perdido
foi o nome escolhido pela Polícia Federal para a operação deflagrada
nesta terça, em Salvador. Os homens de preto fizeram buscas num endereço
indicado pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de
Brasília. A batida resultou na maior apreensão de dinheiro vivo da
história do país.
A grana estava
escondida em oito malas e seis caixas de papelão. A polícia precisou de
dois camburões para transportá-las a um local seguro. Com a ajuda de
sete máquinas, os investigadores contabilizaram mais de R$ 51 milhões.
A fortuna é atribuída ao ex-ministro Geddel Vieira Lima,
que cumpre prisão domiciliar na capital baiana. O peemedebista é
suspeito de receber R$ 20 milhões em propina quando era vice-presidente
da Caixa Econômica Federal. Ele ocupou o cargo no governo Dilma
Rousseff, por indicação do então vice Michel Temer.
De acordo com a
investigação, Geddel usou um laranja para esconder o dinheiro. As malas
estavam no apartamento de um empresário, a pouco mais de um quilômetro
da casa do ex-ministro. Se não fosse por uma denúncia telefônica, o
bunker ficaria escondido para sempre.
Em tempo: o
dono do tesouro da Urca nunca se identificou. Mesmo assim, não é preciso
ser detetive para identificar os principais suspeitos. As cédulas
começaram a vir à tona três dias depois da prisão do ex-governador
Sérgio Cabral.
“Ninguém aguenta mais tanto roubo”
Suspeito de ser
o dono das malas recheadas com mais de R$ 51 milhões apreendidas pela
Polícia Federal, Geddel Vieira Lima (PMDB) participou de protestos
contra a corrupção quando fazia oposição à ex-presidente Dilma.
Em 16 de agosto
de 2015, Geddel foi um dos 5 mil manifestantes que se concentraram na
região do Farol da Barra, na capital baiana, para pedir a saída da
petista.
“Chega, ninguém
aguenta mais tanto roubo. Isso já deixou de ser corrupção. É roubo,
assalto aos cofres públicos para enriquecer os petistas”, disse um
exaltado Geddel em entrevista a uma TV. Na ocasião, ele disse que o país
não suportava mais um governo tão incompetente.
Em 3 de julho, o
ex-ministro de Temer chegou a passar dez dias no Complexo Penitenciário
da Papuda, antes de ter a prisão domiciliar autorizada. De acordo com
nota do Ministério Público Federal, o objetivo de Geddel era evitar que
Funaro e o ex-deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) firmassem acordo
de delação premiada.
com Bernardo Mello Franco
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