O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva,
considerou hoje as declarações do embaixador da Guiné Bissau sobre a
revisão do acordo de transmissão da RTP e RDP "inaceitáveis".
Foram atribuídas ao senhor embaixador da Guiné-Bissau declarações que
são inaceitáveis. O senhor embaixador já foi chamado ao Ministério dos
Negócios Estrangeiros e teve oportunidade de esclarecer que não foi isso
que disse, ou que quis dizer, e, portanto, o incidente está resolvido",
disse o ministro em Nova Iorque.
O embaixador da Guiné-Bissau em Lisboa acusou ontem as autoridades de
Portugal de "um desprezo quase canino" face à ausência de respostas a
propostas para negociar o protocolo de transmissão da RTP e RDP naquele
país.
"Houve um desprezo quase canino, permitam-me a expressão. Nós somos um
Estado, não somos outra coisa qualquer", disse o embaixador Hélder Vaz,
acrescentando que "quando se pretende espezinhar o Estado da
Guiné-Bissau e colocar o país na situação de ter de ceder por ser país
mais pobre, estamos a afrontar o povo da Guiné-Bissau".
No seguimento destas declarações, o Ministério dos Negócios Estrangeiros
chamou hoje o embaixador ao Palácio das Necessidades para prestar
esclarecimentos.
"O que o senhor embaixador nos disse foi que, na opinião dele, tinha
havido uma deturpação das palavras e que as palavras que lhe tinham sido
atribuídas não tinham sido as palavras que tinha proferido, ou pelo
menos não era essa a intenção. Portanto, a explicação está dada", disse
Augusto Santos Silva.
Para o ministro, "o importante" é que Portugal tem "vários programas de
cooperação" com o país e quer "continuar e aprofundar esses programas."
"Um deles diz respeito a área da comunicação social: A Guiné-Bissau
fez-nos chegar a sua vontade de rever o protocolo e o Ministério da
Cultura, que tem a tutela da comunicação social, já manifestou
disponibilidade para analisar esse processo. Evidentemente que há
condições para que essa revisão seja efetiva e a condição básica é que
as emissões da RTP África e da RDP África sejam repostas", explicou
Augusto Santos Silva, que está em Nova Iorque para participar na
Assembleia Geral da ONU.
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