Ditadores na História da Humanidade foram Hitler, Estaline, Pinotchet, Mao Tse Tung ou Idi Amin.
José Mário Vaz não se insere neste grupo. Ainda.
Mais do que o controlo político de um país, o que consolida um ditador é o controlo completo do sector militar, utilizando as armas ao belo prazer das ambições pessoais.
Logo depois da sua tomada de posse como Presidente da República, José Mário Vaz fez uma jogada de risco: exonerou
o então todo-poderoso CEMGFA António Indjai, líder do golpe militar de
2012, e substituiu-o pelo discreto Biague NanTam. Com Biague, que tinha
sido subalterno na Brigada Fiscal quando José Mário Vaz era Ministro das
Finanças, o Presidente da República acreditou ter conseguido decapitar
todo o poder do comando militar, livrando-se das ameaças de um novo
Golpe Militar.
Só depois de Biague na chefia dos
militares, e do afastamento de Indjai para a sua Ponta em Jugudul, é que
José Mário Vaz se sentiu suficientemente confortável para iniciar o seu
projecto de combate político contra a liderança de Domingos Simões
Pereira no PAIGC, o qual não o tinha apoiado enquanto candidato
presidencial oficial deste partido as presidenciais.
Mas Biague NanTam é hoje um líder militar enfraquecido. Apesar de ter conseguido pacificar os quartéis e manter o silêncio dos militares em face de uma crise política com efeitos devastadores para toda a população guineense.
Mas Biague NanTam é hoje um líder militar enfraquecido. Apesar de ter conseguido pacificar os quartéis e manter o silêncio dos militares em face de uma crise política com efeitos devastadores para toda a população guineense.
A realidade é que os quartéis estão
divididos quanto ao seu substituto por verem nessa alteração a
continuação da implementação total do projecto político de José Mário
Vaz.
A estratégia de escolha de aliados nas
áreas militares, segurança e da justiça por José Mário Vaz tem sido
sempre igual. Primeiro maltrata e depois nomeia.
Foi assim com o próprio Biague NanTam, foi assim com o Procurador-Geral
Sedja Man, foi assim com o próprio Ministro do Interior Botche Candé.
Para o substituto de Biague, tudo deverá ser igual. Primeiro maltrata publicamente de forma a permitir a queda em desgraça pública. Depois dá a mão e recupera publicamente com o selo presidencial. Os
nomeados, como a estratégia de José Mário Vaz demonstra, dão ao
Presidente, como sinal de gratidão, uma total e cega lealdade, fora de
todos os códigos legais e constitucionais da Guiné-Bissau.
Dos três
nomes apresentados pela e-Global como favoritos, o nome de Zamora Induta
é o mais provável para a continuação desta estratégia de risco. No
seu regresso ao país, o próprio Biague acusou Zamora de ter em
preparação um Golpe de Estado, situação que levou a uma detenção
sancionada pelo próprio Presidente. Zamora Induta, pela sua história e
pelas suas decisões passadas no comando do EMGFA, não é consensual.
E esta nomeação poderá ter efeitos catastróficos para o próprio Zamora Induta, para José Mário Vaz e para a própria Guiné-Bissau.
Por enquanto, os militares, sobretudo a
hierarquia predominante balanta, mantêm-se em silêncio face as intenções
de José Mário Vaz. Mas nas actuais circunstâncias, interpretar este
silêncio dos defensores da Constituição guineense como de passividade
será um erro. O actual silêncio dos militares guineenses é de
resistência. José Mário Vaz não é um ditador. Ainda.
Rodrigo Nunes, em Luanda
Fonte:eglobal
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