miércoles, 7 de diciembre de 2016
ALDEIAS DO SUL DO PAÍS DECIDEM ABANDONAR A PRÁTICA DE MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA
A população de 40 aldeias do sul da Guiné-Bissau decidiu publicamente abandonar a prática de Mutilação Genital Feminina (MGF), anunciou hoje Fatumata Djau Baldé, presidente do comité para o abandono de práticas nefastas à saúde da mulher e criança.
Fatumata Baldé, antiga ministra dos negócios Estrangeiros guineense, mostrou-se "feliz e convencida" em como "pouco a pouco" as comunidades começam a perceber que a MGF "é uma prática nociva à saúde da mulher e das raparigas e que não tem nada a ver com a religião".
A presidente do comité para o abandono das práticas nefastas à saúde da mulher e criança (instituição criada pelo Estado guineense) realçou o simbolismo do anúncio feito pela população das 40 aldeias pelo facto de serem localidades com acentuada presença de costumes islâmicos.
A vila de Quebo, principal posto administrativo da zona onde foi declarado o abandono da prática da mutilação genital feminina, é um conhecido centro de aprendizagem do Alcorão (livro religioso dos muçulmanos) e alguns líderes deste centro têm-se vindo a posicionar contra a lei que criminaliza a prática.
Um líder religioso de Quebo, Rachide Djaló, anunciou publicamente que vai liderar uma campanha de recolha de assinaturas para pedir ao Parlamento que anule a lei que proíbe a MGF, que considera "uma determinação islâmica".
O Parlamento guineense aprovou, em junho de 2011, a lei que criminaliza a prática, mas são raras as autoras da excisão julgadas e condenadas na justiça.
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