miércoles, 16 de agosto de 2017

DC NO TERRENO: JOMAV é o dono da terra; o PRS o senhor do mar


Chegar à ilha de Caravela não é fácil. Mas com um bom bote com dois motores debitando centenas de cavalos, a coisa torna-se outra. E foi assim que, incógnito, cheguei. Desembarquei com a minha inseparável mochila Caterpillar todo-o-terreno, e impermeável. O colete laranja, meio molhado, atrapalhava.

Pois bem, nessa ilha habitam hoje mais de 2 mil estrangeiros que ocuparam mesmo uma parte da pista de aterragem. "A ilha está colonizada. As autoridades, quando existem, nada fazem. Aqui é cada um por si. A maioria são estrangeiros. Da Serra-Leoa, da vizinha Guiné e até de outros países", contou ao DC um habitante da ilha.

O PRS decidiu então assentar arraiais na ilha de Caravela para comandar a pesca. São 15 barcos norte—coreanos a pescarem apenas 'para' eles. Daí as 100 (sim, cem viaturas) - 50 já cá estão, estacionados à chuva e ao sol na antiga Granja de Pessubé, colonizada à macaca pelos renovadores. O PRS jura a pés juntos que desta vez é que vão ser elas: não largam o poder tão cedo e estão dispostos a tudo.

Na ilha plana de Caravela (sob atenção da UNODC), o PRS é quem ordena. O radar foi simplesmente desligado, impedindo assim o FISCAP, a partir de Bissau, controlar o que quer que seja. O PRS manda também no FISCAP...

"Diariamente, duas canoas cheias com gelo e gasolina chegam a Caravela. O pescado é então descarregado e transferido para Cacheu, onde os asiáticos recuperaram a fábrica de pescado", contou a mesma fonte.

Chegado a Cacheu, esse pescado é tratado, separado e congelado. Depois segue para Bissau em contentores frigoríficos para exportação a partir do porto da capital. O radar na ilha de Caravela "foi propositadamente desligado" desde a entrada dos ilegais para que não haja controlo.

A MTN instalou uma antena quase no centro da pista de aterragem "mas mesmo assim já vimos aterrar pequenos monomotores", disse ao DC um outro habitante da ilha.

E é assim que o JOMAV tem permanecido e vai permanecer no poder: faz o jogo do PRS, contenta a classe castrense - não toda, felizmente!; quanto aos 15, JOMAV nem precisa assim tanto deles.

Aliás, nos corredores do palácio, corre amiúde que o presidente pode, de um momento para o outro, mas sempre com o beneplácito do PRS, descartar os 15 e conseguir um acordo com o PAIGC. AAS

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