Quenianos
saíram à rua em protesto, na terça-feira, depois do assassinato do
responsável pela gestão do sistema informático da Comissão Eleitoral.
Aumentam os receios em torno das eleições de 8 de agosto.
O
corpo do funcionário da Comissão Eleitoral queniana (IEBC), Christopher
Msando, foi encontrado no sábado (29.07) com sinais de tortura numa
floresta nos arredores da capital, Nairobi. Dezenas de manifestantes exigiram que o caso seja investigado imediatamente.
"Estamos a
marchar hoje porque a morte de Chris Msando, o gestor das tecnologias de
informação da Comissão Eleitoral, teve motivos políticos. A uma semana
das eleições, o mínimo que podemos esperar é a segurança dos
responsáveis da Comissão Eleitoral", disse um manifestante esta
terça-feira (01.08).
Funcionário da Comissão Eleitoral queniana, Christopher Msando(Foto)
No "canto da
liberdade" do Parque Uhuru, em Nairobi, os manifestantes gritaram
slogans de protesto, criticando a passividade do Governo perante o
homicídio de Msando. George Kegora, diretor executivo da Comissão dos
Direitos Humanos do Quénia, foi um dos organizadores do protesto e teme
que os responsáveis pela morte de Msando escapem impunes.
"Não há
qualquer expectativa de que os culpados sejam encontrados ou detidos,
porque isso nunca aconteceu no passado recente. Infelizmente, Chris
Msando morreu e não vai acontecer nada", lamentou.
Em declarações
aos manifestantes, Kegora sublinhou que muitos quenianos acreditam que
elementos próximos do Estado podem estar por trás da morte de Msando. O
diretor da Comissão de Direitos Humanos quer que as forças de segurança
acelerem as investigações e detenham os responsáveis.
"Duro golpe" antes das eleições
O Presidente do
Quénia, Uhuru Kenyatta, manifestou-se "profundamente chocado" com a
tortura e assassinato de Christopher Msando. O chefe de Estado afirmou
que a investigação deve "prosseguir calmamente" e avisou contra a
"especulação irresponsável".
Para a Comissão
Eleitoral, a morte do responsável pela gestão do sistema informático é
um duro golpe: "Perdi um funcionário que costumava consultar todos os
dias. Estamos de luto com a família", afirmou o presidente da IEBC,
Wafula Chebukati, que acredita que a morte de Msando está relacionada
com a posição que ocupava.
Chebukati
garante, porém, que os sistemas da Comissão estão seguros. "Quem quer
que o tenha torturado não conseguirá encontrar nada útil", acrescentou. O
presidente da IEBC prevê divulgar os resultados das eleições, tal como
esperado, a 8 de agosto.
A coligação da
oposição, a Super Aliança Nacional, condena a morte de Christopher
Msando e pede ao Governo que garanta mais segurança aos políticos e
funcionários eleitorais durante o processo. A Aliança acusa o Presidente
Uhuru Kenyatta de querer manipular as eleições, numa altura em que
aumentam os receios de violência. A recandidatura de Kenyatta é
fortemente contestada.
Em 2007, as
eleições no Quénia, denunciadas como fraudulentas pelos observadores
internacionais, geraram confrontos violentos que levaram à morte de mais
de mil pessoas.
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