A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) declarou hoje improcedentes as
três reclamações apresentadas por partidos concorrentes às eleições
gerais angolanas de 23 de agosto, que acusa estarem a "agir de má-fé"
As respostas às reclamações apresentadas, na terça-feira - duas pelo
partido UNITA e uma conjunta pelas formações políticas UNITA, CASA-CE,
PRS, FNLA e APN - foram analisadas em plenário, que considerou
tratarem-se de "manobras dilatórias", uma vez que colocam questões
anteriormente já respondidas.
As reclamações apresentadas por aquelas forças políticas têm a ver com o
apuramento provincial definitivo, que alegadamente "não obedeceu aos
preceitos legais".
Segundo a porta-voz da CNE, Júlia Ferreira, a UNITA vem novamente
"trazer à liça, uma questão sobre a qual a CNE em tempo oportuno já se
pronunciou".
A CNE considerou ainda inábeis as testemunhas arroladas pela UNITA a
estas questões, por se tratar de membros do órgão eleitoral.
"Não é possível nos termos da lei que eles, sendo parte deste órgão,
venham testemunhar factos que são alegados pelas formações políticas",
salientando que foi feita uma nota de "censura" sobre este assunto,
porque não podem os partidos políticos, que designam os seus membros
para integrar a CNE envolvê-los em questões, em que a lei apenas
reconhece legitimidade aos partidos políticos.
Júlia Ferreira salientou que os membros visados reagiram, "tendo
referido que não tinham conhecimento do arrolamento dos seus nomes para
testemunharem neste processo" e que por "discordar deste posicionamento
assumido pelo partido político UNITA", vão assumir por escrito esta
refutação á dindicação dos seus nomes como testemunhas.
Relativamente aos eventuais votos subtraídos, outra das reclamações, a
CNE sublinha que se essas situações ocorreram a nível das assembleias de
voto ou no apuramento "obviamente que deviam ser tratados a nível das
comissões provinciais eleitorais ou a nível das mesas de voto", para
serem registadas localmente.
"Com base nisso a CNE considerou que a atitude do partido político UNITA
está de facto eivada de uma atitude caluniosa, de um espírito de
má-fé", referiu.
Já em relação à reclamação conjunta das forças políticas concorrentes, a
CNE considerou que muitas delas "voltam ao passado", nomeadamente a
forma de contratação das empresas que prestam apoio tecnológico e
material ao processo eleitoral, a auditoria ao Ficheiro Informático de
Cidadãos Maiores (FICM) a base de dados do registo eleitoral, de
competência do Ministério da Administração do Território.
Para a CNE, estes factos não são novos, já foram tratados, além de as
reclamações "serem obscuras, deficientes e denotarem uma falta de
clareza e de objetividade".
"Os partidos políticos concorrentes têm em posse atas das operações
eleitorais, dos apuramentos provinciais e em nenhuma dessas atas de
apuramento provincial constam reclamações não resolvidas, o mesmo
acontece em relação às atas das operações eleitorais, por isso é que nem
sequer foram deduzidos elementos de prova", disse Júlia Ferreira.
De acordo com a porta-voz, junto a estas reclamações deviam já ter sido
apensos os elementos de prova, "contudo isso não se verificou".
"Estas reclamações são apresentadas de forma isolada, muitas delas nem
sequer têm enquadramento legal, outras têm enquadramento legal
desviado", referiu, sublinhando que a CNE considera que são "manobras
dilatórias, um mero exercício vicioso, no sentido de tentar perturbar a
estabilidade do processo eleitoral".
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