O chefe de Estado
cessante do Quénia, Uhuru Kenyatta, foi reeleito na repetição das
eleições presidenciais quenianas de quinta-feira passada, boicotadas
pela oposição, obtendo 98,26% dos votos, anunciou hoje a Comissão
Eleitoral local.
Segundo o presidente da Comissão Eleitoral, Wafula Chebukati, a taxa de participação foi de apenas 38%, dando a Kenyatta 4,483 milhões de votos, contra apenas 73.228 do líder da oposição, que, apesar do boicote, não abandonou oficialmente a corrida presidencial.
Nas presidenciais de 08 de agosto último, anuladas a 01 de setembro pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ) queniano por terem sido dadas como provadas as acusações de ilegalidade e irregularidades cometidas pela própria Comissão Eleitoral, a taxa de participação foi de 79%.
Antes do anúncio dos resultados, Chebukati disse acreditar que a votação de quinta-feira última decorreu de forma "livre, justa e credível", depois de, na semana passada, três dias antes da votação, ter afirmado que não podia garantir a credibilidade das eleições.
A votação foi boicotada em 25 das 291 circunscrições nacionais, o que representa cerca de 9% do eleitorado de todo o país. O boicote acabaria repetido sábado, dia em que a Comissão Eleitoral tentou organizar a votação nas circunscrições em falta.
O líder da oposição, Raila Odinga, 72 anos e três vezes candidato derrotado às presidenciais quenianas (1997, 2007 e 2013), boicotou a repetição da votação por não terem sido concretizadas reformas na Comissão Eleitoral.
Desconhece-se ainda se e quando Odinga irá comentar o anúncio dos resultados.
Mergulhado na incerteza, o Quénia conheceu nos últimos dias atos de violência em todo o país que, segundo balanços oficiosos, causaram nove mortes, maioritariamente na região oeste do país e nos arredores da capital, Nairobi.
Já no período pós-eleitoral de 08 de agosto, a violência também assolou o país, provocando pelo menos 49 mortos e dezenas de feridos, na maioria devido à repressão policial.
A repressão da polícia foi, por outro lado, criticada hoje pela Amnistia Internacional (AI), que, num comunicado, condenou a "brutalidade" com que atuou contra apoiantes da oposição a seguir à votação de quinta-feira, sobretudo em Nairobi e em Kisumu, a terceira maior cidade do país.
NAOM
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