Mina ilegal de pedras preciosas (norte de Moçambique) |
Relatório baseado no Panama Papers revela como governantes africanos através dos seus negócios enviam ilicitamente biliões de euros para o exterior. "A rota da pilhagem para o Panamá" cita caso de Moçambique.
Moçambique,
África do Sul, Botswana, Burundi, Togo, Ruanda e República Democrática
do Congo (RDC) são os países que têm parte dos governantes associados a
casos de evasão fiscal, através de negócios pouco transparentes,
subornos, corrupção e até violação dos direitos humanos.
"A
rota de pilhagem para o Panamá" é o título de um relatório realizado
pelo Consórcio de Jornalistas Africanos que divulga esses crimes.
No caso de Moçambique, são apontadas altas figuras do partido no poder,
a FRELIMO, ou ligadas ao partido, todas elas na exploração de rubis,
onde nalguns casos há relatos de violência física contra os garimpeiros.
São eles:
Raimundo Pachinuapa, antigo combatente, Alberto Chipande, ex-ministro da
Defesa, Felício Zacarias, antigo ministro das Obras Públicas e
Habitação, David Simango, edil de Maputo, José Pacheco, ministro dqa
Agricultura, Lukman Amane advogado ligado a FRELIMO e Lagos Lidimo,
diretor dos Serviços de Informação e Segurança (SISE).
Moçambique: PGR já pode investigar?
Beatriz Buchili, Procuradora Geral da República de Moçambique
Face à
denúncia, será que as autoridades vão abrir uma investigação sobre o
caso? Edson Cortês é colaborador do Centro de Integridade Pública (CIP)
em Moçambique, uma ONG que trabalha na luta pela
transparência, responde: "Tenho muitas dúvidas. Tendo em conta as
pessoas envolvidas e o poder político que elas têm. Tenho muitas dúvidas
que a PGR (Procuradoria Geral da República) ou a polícia façam uma
investigação. Infelizmente isso é normal em Moçambique."
Para o
pesquisador "dependendo de quem é e da posição que ocupa o assunto morre
por si. Provavelmente seja necessário voltarmos a ver mais um escândalo
para lembrarmos dos desmandos que estão a acontecer em Montepuez."
África do Sul: Ógãos de soberania menos inoperantes
Na vizinha
África do Sul, a situação já é diferente. Há atitudes por parte dos
órgãos de soberania para acabar com os subornos e crimes de natureza
fiscal e financeira. Já há bancos que encerraram as contas da família
Gupta, associada à escândalos de branqueamento de capitais e fraudes
financeiras. Os Guptas, que são citados no relatório, são muito próximos
do Presidente Jacob Zuma.
Liesl
Louw-Vaudran é jornalista e especialista em assuntos do continente
africano sublinha que "o surgimento do império Gupta só foi possível
graças ao apoio de poderosos políticos sul-africanos, especialmente do
Presidente Jacob Zuma. Os Guptas também mantêm relações próximas com o
filho e o sobrinho do Presidente, bem como com os ministros e diretores
das grandes empresas estatais sul-africanas".
RDC: A mana do Presidente Kabila é dona de tudo
Jaynet Kabila, irmã do Presidente da RDC, Joseph Kabila
E na República
Democrática do Congo a familía presidencial também está envolvida em
casos pouco transparentes. O "império Kabila" inclui, por exemplos, área
de mineração, passando pelas telecomunicações, transportes, empresas de
câmbio e hotelaria. A irmã do Presidente Joseph Kabila, Jaynet, é a que
mais se destaca e é detentora de uma conta offshore.
De acordo com o
ex-ministro da Justiça, Luzolo Bambi, desde 2015 o país perde
anualmente cerca de 15 mil milhões de euros com saídas ilícitas de
capitais do país. Jason Stearns é especialista sobre temas do Congo na
organização International Crisis Group e lembra que "é neste contexto
que ela e outros membros da família presidencial têm uma rede de 80
empresas no país."
O que o leva a
colocar a seguinte questão: "Como é que uma família que chegou
oficialmente ao poder há pouco tempo já controla tantas empresas? "
Burundi: Nem a guerra inibe o Presidente Pierre Nkurunziza
O Burundi
também é um caso parecido com o da República Decomcrática do Congo, país
mergulhado no caos e na guerra civil, recorda Jean-Claude Mputu. Ele é
ativista dos direitos humanos na África do Sul e conta que "o consórcio
de jornalistas, que avalia os documentos do Panamá, descobriu que nada
menos que o Presidente Pierre Nkurunziza está envolvido numa companhia
de combustível que transferiu centenas de milhões de dólares para o
exterior".
Na África
subsaariana são frequentes os casos de subornos, de corrupção e de
fraudes fiscais envolvendo os governantes. Facto que leva Edson Cortês
do CIP a concluir que "de certa forma essa é uma tendência, que consta
do relatório, confirmam o padrão que é transversal a quase todos os
países africanos, com a existência de instituições fracas que não
cumprem o seu papel e não são independentes."
Fonte: DW África
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