O Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA) da Guiné-Bissau, através do seu porta-voz, general Samuel Fernandes, considerou hoje de provocatórias as acusações do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
No passado dia 08 o PAIGC, que liderou a coligação vencedora das eleições de junho de 2023 e cujo Governo foi demitido pelo Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, lamentou situações que têm acontecido nos últimos dez anos que considera de intromissão e discursos tendenciosos "caucionadores das decisões" tomadas pelo chefe de Estado, "mesmo em colisão frontal" com a Constituição da República e demais leis.
As críticas do PAIGC surgiram na sequência de uma visita que a chefia das Forças Armadas realizou há várias unidades militares em que apela os seus membros a se afastarem dos políticos que os tenta aliciar para golpes de Estado.
Para o EMGFA aquelas insinuações do PAIGC "são graves, incompreensivas e provocatórias", escritas "num comunicado patético".
O PAIGC considerou que a postura de alguma chefia militar do país "é antidemocrática por se deixar instrumentalizar" quando denuncia supostas tentativa de golpes de Estado sem que apresente provas, como aconteceu nos casos 01 de fevereiro de 2022 e 01 de dezembro de 2023, refere o partido.
O porta-voz do EMGFA, general Samuel Fernandes defendeu que a instituição tem realizado sessões de sensibilização e de aviso aos militares a se manterem equidistantes e imunes às tentativas de aliciamentos, daí as visitas aos aquartelamentos.
"O Estado Maior quer relembrar que os acontecimentos de 1 de fevereiro de 2022 e de 1 de dezembro de 2023, envolveram a participação direta de alguns militares comprovadamente aliciados e mobilizados por políticos, que apesar de se apregoarem de democratas e republicanos na prática sempre se recusaram assumir uma postura conducente a esse título de verdadeiros democratas e republicanos", observou Samuel Fernandes.
O porta-voz do EMGFA afirmou que o suposto envolvimento de políticos nas duas "tentativas de golpe de Estado" será esclarecido "a seu tempo e nas instâncias próprias" e aqueles serão traduzidos à justiça, realçou.
Samuel Fernandes, que leu o comunicado do Estado-Maior General das Forças Armadas, referiu, sem citar nomes, que aqueles políticos "se recusam, desrespeitam e vilipendiam sistematicamente um órgão de soberania" e ainda "a vontade popular".
Fernandes acusa ainda aqueles políticos de "frequentemente provocarem situações subversivas, perturbações antidemocráticas" no país.
O porta-voz observou que, de ora em dia, o EMGFA "estará determinado a agir com muita firmeza e determinação" contra todos aqueles que, "principalmente, os políticos tentem alterar a ordem constitucional", utilizando os militares.
Para o PAIGC, é inaceitável que alguma liderança das Forças Armadas esteja ultimamente com uma atitude deliberada de defesa unicamente da alegada legitimidade do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, "ignorando explicitamente os eleitos do povo" no parlamento e o Governo.
O partido recorda que aqueles órgãos também resultaram do "veredicto popular" dos guineenses.
Sobre o facto de o PAIGC ter afirmando no seu comunicado que foi quem criou as Forças Armadas e das quais se desvinculou com a abertura do país à democracia, o EMGFA lembra ao partido que "os tempos são outros".
"Lembrar ao PAIGC que as Forças Armadas há muito que deixaram de ser o feudo de um partido político e muito menos deixar de ser manipulado por interesses inconfessos de políticos e organizações políticas que teimosamente insistem em querer manipular e transformar as Forças Armadas em instrumento de ruturas e golpes constitucionais", salienta Samuel Fernandes.
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